“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4:11-12)
A pergunta do título desta coluna parece ser cacofônica e redundante. Porém, a resposta que damos a esta questão representa o paradigma em que estamos inseridos. Se nossa resposta for “ser Apóstolo” (com “A” maiúsculo) estamos no paradigma de que Apóstolo é um título e uma posição de distinção dentro da igreja. Se, porém, nossa resposta for “ser apóstolo” (com “a” minúsculo) estaremos no paradigma de que apóstolo é uma função de trabalho e serviço dentro da igreja. Nossa resposta demonstra a forma que entendemos o conceito de igreja e conseqüentemente seu funcionamento e sua prática.
Muitos pensam que ser Apóstolo é ter uma posição. Pensam que Apóstolo é um título. Pensam que quando alguém é designado Apóstolo esta pessoa chegou a promoção máxima da carreira cristã.
Se este for o caso, evangelista também seria uma posição. Igualmente o mestre e o profeta, pois todos fazem parte dos cinco ministérios de Efésios 4:11-12. Neste caso os cinco ministérios seriam posições honoríficas distintas e carregariam o peso de um título de superioridade dentro da igreja.
Grande engano! Pelo contrário. Os cinco ministérios são cinco funções que Deus deu para igreja e não cinco posições ou títulos dado a alguns homens (ou mulheres). Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres são cinco funções que servem para influenciar e equipar a igreja especificamente nestas áreas.
Os pastores de Ef 4:10-11 não são os mesmos que aqueles que chamamos atualmente de Pastores dentro da igreja. Estes que atualmente chamamos de Pastores, biblicamente são chamados de presbíteros ou bispos. Os pastores dos cinco ministérios não se referem a posição de Pastor dentro da igreja e sim a função de pastorear, que pode ser exercida por qualquer pessoa, mesmo não sendo um Pastor, ou Presbítero ou Bispo reconhecido.
Isto nos arremete a questão de que os cinco ministérios não são títulos honoríficos que uma pessoa recebe. Aqueles a quem Deus estabeleceu no exercício dos cinco ministérios estão incumbidos de uma função independente do título.
Por exemplo, quando Paulo e Barnabé foram enviados para estabelecerem igrejas (At 13:1-3), eles não foram imediatamente chamados de apóstolos. Eles simplesmente foram enviados numa função apostólica. O exercício da função é que lhes deu a condição de serem chamados pela primeira vez de apóstolos em At 14:4, depois de terem dado princípio as igrejas de Antioquia da Pisídia e Icônio na Galácia. Ou seja, o exercício da função apostólica deu o direito a que eles fossem chamados de apóstolos. A designação apostólica origina do exercício da função e não o contrário.
Concluindo, muito antes de apóstolo ser um título, é uma função de serviço para o corpo de Cristo. Os cinco ministérios antes de tudo são funções e quem quiser estar entre eles precisa antes de tudo estar disposto a ser servo de todos.
Ricardo Wagner, apóstolo